Começo da Vida

(Het Begin van het Leven)

1. Ao meio-dia as ondas eram como montanhas. O nosso navio subia e descia, subia e descia. A água caía sobre o convés. Uma vez, duas vezes, pensámos que a nossa âncora se tinha soltado. O capitão ordenou que lançassem outra âncora. Agora tínhamos duas âncoras a segurar-nos.

2. Depois a verdadeira tempestade chegou. Não tenho palavras para descrever quão terrível foi. Até os marinheiros velhos tinham medo. Vi medo nos seus olhos. O capitão passou pela minha cabine muitas vezes. Ouvi-o sussurrar, "Senhor tem piedade de nós!"

3. "Estamos todos perdidos!" o capitão continuou a sussurrar. "Somos todos homens mortos!" Quando o capitão disse essas palavras a minha coragem morreu. Este homem tinha navegado durante trinta anos. Se ele tinha medo estávamos condenados. Fiquei na minha cabine. Estava paralisado de medo. Não conseguia mover-me.

4. Não conseguia pensar. Tinha-me rido da primeira tempestade. Bebi ponche e esqueci as minhas promessas a Deus. Agora Deus estava mesmo zangado. Esta tempestade matar-nos-ia a todos. Não havia escapatória desta vez.

5. Finalmente forcei-me a ir ao convés. O que vi ainda me dá pesadelos. O mar estava preto e branco com espuma. Ondas altas como igrejas caíam sobre nós. O vento gritava como mil demónios. Agarrei-me forte ou seria levado.

6. Olhei à volta. Dois navios perto de nós tinham cortado os seus mastros. Outro navio a cerca de uma milha estava a afundar. Vi-o desaparecer sob as ondas. Todos aqueles homens estavam a afogar-se na água fria e preta. Mais dois navios tinham-se soltado das suas âncoras.

7. Naquela noite a nossa tripulação implorou ao capitão para cortar os nossos mastros. Ele não queria fazê-lo. Um navio sem mastros fica indefeso. Mas o contramestre disse, "Se não os cortarmos o navio afunda!" O capitão finalmente concordou. Tinham de salvar o navio.

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